terça-feira, 22 de agosto de 2017

Água Salgada

Uma das maiores compensações de passar o período de férias no mesmo local é a construção e acumulação de memórias. A mesma água salgada dos banhos de água morna dos primeiros tempos de casamento é a mesma água em que o nosso primeiro filho deu os primeiros passos com a ajuda dos pais e é também a mesma água dos saltos para as piscinas que agora construímos no meio da areia. O mar é local de memória, de passagem e de testemunho. A restante vila continua praticamente igual desde o primeiro ano que vim para cá, o mesmo turismo, democrático e ecléctico, de multidões que acabam invariavelmente em frente ao mar. Há quem pernoite nas rulotes ou nos hotéis, nos apartamentos ou nas moradias, para no dia a seguir caminhar religiosamente pelo mesmo trilho até chegar ao mar, à praia, à água salgada que irá banhar todos esses corpos. Este será o sétimo ano consecutivo em que passo as férias em família neste mesmo local criando memórias de água salgada.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Da Obediência

A obediência advém quase sempre da autoridade. Devo chegar à conclusão que a minha autoridade é praticamente nula perante o meu primogénito por vezes. Chega a ser quase desesperante tentar dominar uma criança de dois anos com sono no meio de um espectáculo de golfinhos. Estamos no domínio do surreal e as músicas ainda só agora começaram. Os golfinhos saltam por cima da corda, a máquina fotográfica cai ao chão, a dança é uma estranha forma de espernear. São imagens que ficam perante a falta de obediência ou falta de autoridade. Passados alguns minutos adormece-se no carrinho de passeio e os leões, elefantes e macacos ficam para outra visita. A felicidade é também composta por esta impossível equação de equilíbrio entre a liberdade, a autoridade, a vontade própria e a obediência.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Verão e Trabalho

É altura de voltar ao mecanismo das semanas de trabalho, em que os dias se sucedem uns aos outros numa cavalgada incessante e ritmada. Apanho os transportes de manhã e ao fim da tarde e apesar de ser Verão estão cheios, seja por supressão na oferta, seja pelo aumento de procura dos turistas que invadem este pedaço de terra que é esta cidade que habito. Não me posso queixar muito contudo, porque também usufruí dessa forma de transporte quando viajei para outra cidade da nossa península. Mas é a realidade actual e é difícil conviver com ela. As tarefas são as mesmas, mas há mais trabalho, tanto o acumulado como o que deixa de ser feito porque temos mais gente de férias. De forma resumida, é um tempo em que estivemos ocupados com a família e a descansar do trabalho e agora chegamos a casa com as tarefas familiares já praticamente todas feitas, para passado poucas horas voltar a sair de casa para mais um dia a trabalhar.