domingo, 20 de novembro de 2016

Velhos

A noite parecia ser mais uma noite normal de mais um dia da semana, esperava o autocarro na paragem para ir a mais um concerto. A banda já tinha começado a tocar quando entrei na sala, havia imensa gente para entrar ainda. As canções iam sendo tocadas para gáudio de alguns e para indiferença de outros, ia encontrando amigos e conhecidos à medida que me ia aproximando da frente do palco. As canções de ritmo lento prosseguiam a sua apresentação ao vivo. Até chegar o encore, nessa altura há uma descarga rítmica e sonora mais forte, há corpos a mexer e a abanar, até chegar o fim com a última canção. Não foi o melhor concerto de sempre, foi apenas mais um concerto em que se chegou a casa ainda a tempo de descansar para o dia seguinte de trabalho. É que parecendo que não estamos a ficar velhos.

sábado, 12 de novembro de 2016

Agora

As emoções próprias destes momentos não apareceram como das vezes em que tudo estava a começar. Recordo a emoção das primeiras audições da banda que originou a editora que agora se finou. Nessa altura o coração batia rápido e certeiro, tinha encontrado algo diferente, emocionante. A partir daí construímos uma casa editorial que para a história ficará como algo entre o revivalismo do roque dos anos oitenta e uma excentricidade de alguns rapazes burgueses do Campo Grande. A noite do fim ficará para sempre marcada pela versão da nossa canção, batidas lentas e fortes e os acordes e as palavras entoadas à maneira de um funeral. Algo que nunca conseguiríamos atingir. A tarde-noite do enterro final foi um convívio como nos primeiros tempos de Alfama ou Anjos, em que éramos alguns artistas e amigos a cantar umas canções. Agora o tempo é outro, muito mais sério e regular, muito menos emocionante e muito mais previsível. Essa talvez seja a maior emoção agora.