Tudo bem

A pergunta é muitas vezes a mesma: está tudo bem? A mensagem revela a preocupação de alguém que está longe, fora de casa. Preocupação com o bem estar do nosso filho, que está em casa comigo, o pai. Tem estado sempre tudo bem, a resposta é essa: está tudo bem. O tempo e os dias correm de forma muito semelhante uns aos outros, como se de um compasso tratasse. A rotina de um bebé é muito importante de se manter. Há dias onde as refeições são um pouco mais cedo ou mais tarde, conforme a duração das sestas. As brincadeiras seguem a mesma lógica, a partir do momento em que há um sinal de sono ou cansaço paramos e começamos as preparações para a sesta seguinte, embala-se quando é preciso e liga-se a melodia para adormecer. Após a sesta ou antes, caso seja necessário, mudo a fralda e vejo se está tudo bem limpo. É assim que tudo vai bem até a mãe chegar e voltar a assumir a liderança dos cuidados maternais.

Nova Vida

Se o dia de nascimento é o dia em que tudo começa e uma nova vida inicia, o dia do baptismo inicia a caminhada de vida religiosa e cristã. É hoje o dia do teu baptismo, em que te irás tornar membro da Igreja. É um dia de muita alegria. A água irá simbolicamente purificar-te, a luz da vela que acendemos no círio será tua protecção. É também um dia de reunião familiar e de proximidade e de fortalecimento dos laços que nos unem, de amizade e de concórdia. É nesta família que nasceste, é nesta comunidade que és acolhido. A graça que recebes é o dom que entregas. Nós, os pais e a família, somos testemunhas e protectores, até ao fim da tua vida, até ao fim da nossa vida. É este sacramento que dá início a tudo, como uma nova vida que renasce.

Primavera do Porto

Depois do agradecimento a quem me recebeu faltou escrever algo sobre o festival Primavera Sound do Porto. Ao invés do ano passado em que descrevi os dias do festival catalão um a um, concerto a concerto, prefiro desta vez escrever de uma forma geral a minha opinião ou visão dos três dias de festival. Começando pelo recinto, o melhor recinto do nosso país para receber um festival de grandes dimensões. Natureza e a cidade em simbiose quase perfeita. O desenho dos palcos também é quase perfeito, com três deles em colinas relvadas, com a possibilidade de visão de praticamente qualquer ângulo. É pena, por isso, que fiquemos com apenas uma parte da lista de bandas do festival de origem em Barcelona. Se a isso somarmos a sobreposição de bandas fortes à mesma hora, ficamos com menos de duas mãos cheias de bons concertos e mais algumas mãos cheias de concertos para encher os horários. Destaco alguns momentos: Patti Smith a tocar o Horses, momento nostálgico-emocionante do festival, Run the Jewels e o concerto mais punk de Hip Hop que já assisti, e mais uma boa mão cheia de bons momentos em vários concertos, de Caribou a Death Cab for Cutie, de HEALTH a Thurston Moore.

Hospitalidade

O que marca esta semana passada é a ida ao Porto e ao seu festival primaveril, sucedâneo do de Barcelona. Sobre o festival e os seus concertos prefiro falar depois. Mas há várias coisas a dizer sobre o Porto e as suas gentes. A forma de receber do Porto é sempre surpreendente. Das últimas vezes que fiquei hospedado no Porto fiquei em casa de amigos e fui sempre bem recebido. Com a confiança de um amigo de longa data e com a generosidade de uma amizade recente. É sobre esta maneira de receber que vos falo nesta entrada. A cidade invicta tem uma forma bem aberta de nos acolher, bem portuense e nortenha. Agradeço às pessoas que me receberam, pela hospitalidade, por me fazerem sentir em casa.

Primavera da Paternidade

Todos já sabemos que a estação da Primavera é estação das flores, dos jacarandás em flor, das pétalas de buganvília a cair na varanda, de tudo o que é natureza a renascer. Ou então eu devia saber. O tempo é sábio e a estação do reflorescimento volta sempre. Mas não são só as flores que voltam, há arraiais prestes a começar, sardinhas assadas no pão, festivais de Verão ainda nesta estação. No meio desta recorrente agitação deste período há o crescimento galopante de um bebé que já quase se senta, sorri sempre que acorda de uma sesta e começa a comer as primeiras sopas. É este acontecimento que tem tornado tudo bem diferente este ano. Será talvez a primavera da paternidade.