segunda-feira, 27 de abril de 2015

Interactividade

Nos primeiros meses o olhar começou a fixar-se e as mãos a mexerem-se em pequenos reflexos e estas seriam as suas maiores manifestações para além do choro. Aos poucos o olhar começou a seguir as pessoas e os objectos em movimento. Até que chegaram os dias da interactividade completa. Os sorrisos são imensos, o olhar já reconhece os pais e as pessoas mais próximas, há sons que prenunciam as primeiras palavras, há choros distintos para cada uma das diferentes vontades. Nós não sabemos sempre aquilo que o nosso filho quer, é o primeiro e ainda é difícil de entender tudo, mas a cada dia que passa o nosso filho tenta comunicar cada vez mais connosco, até chegar o dia em que não serão precisas muitas palavras para perceber as suas reclamações e as suas necessidades. Tudo será uma questão de tempo e de entendimento.

sábado, 18 de abril de 2015

Tamanha Fortuna

Os diferentes regressos, os diferentes cenários e os contentores sempre no mesmo lugar, a entrarem e a saírem dos navios que atracam no porto a caminho de casa. O comboio passa no mesmo local do dia que passou e volta a passar, a porta entre as carruagens está entreaberta e o som na carruagem é alto, oiço o som das rodas nos carris e concentro o olhar na chegada. Há sempre uma coisa nova e um milhão de coisas que já aconteceram antes e vou a caminho de casa. A minha casa é feita de corações puros que me acolheram e acolhem diariamente. Vou pensando nos meus dois amores que agora dormem ou tentam dormir tal como eu tento escrever ao som de uma canção que contém vozes e guitarras, apenas isso. "O que é que eu fiz para merecer isto?", pergunta o cantor. E eu respondo: o que fiz eu para merecer tamanha fortuna?

sábado, 11 de abril de 2015

Primeira Luz

De quando em quando, surge algo que relembra a razão primária deste blogue, uma canção, um conjunto de sons, ritmos que se vão desfiando ao longo dos minutos da duração de um trecho sonoro. Não se inventa a roda, apenas surge algo que soa antigo e recente ao mesmo tempo. Sem querer parecer triunfante com esta partilha, tenho andado com esta canção no meu ouvido nas últimas semanas. Talvez sejam as melodias vocais, o tal ritmo que vai marcando o compasso, o sintetizador que é um baixo, a quebra quase no fim da canção e tudo a crescer para um final tão tenso como simples. As cidades são feitas de sol, mar e muita areia.

domingo, 5 de abril de 2015

De Aleluia

Domingo de Páscoa, Domingo de Aleluia. Hoje é o dia da grande luz, da passagem da morte à vida. É difícil explicar a alegria que nos inunda, a confiança que trazemos, a amizade que temos com quem vive connosco. A fé na ressurreição é a crença na vida, no dom da vida. É a confiança que apesar de caminharmos em direcção ao fim, teremos a sua companhia antes, durante e depois de tudo o que vivemos e viveremos. Ditosa e grandiosa noite de vigília e de oração, de fogo, luz, água, todos os elementos juntos para tornar mais puro o coração e mais firme o entendimento. O sorriso de quem traz um amigo, uma religião, uma ligação para lá da morte que é passagem e páscoa.