quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Frio

O frio aqueceu a alma na manhã em que saí de casa. Caminhava em direcção à paragem do autocarro que me leva junto ao rio. Esta noção talvez seja difícil de explicar, mas quando está frio, como o frio que estava hoje de manhã, a minha alma está mais quente. O contraste é maior entre a temperatura do corpo e a temperatura do ar e isso talvez contribua para a sensação de diferença térmica. Mas para além dessa sensação existe a realidade de quem leva o vento gelado na cara que faz lágrimas nos olhos e sorri perante esse dia que começa. É um tempo favorável para estar vivo, tempo de romance e de fé.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sem Acesso

Não é normal estar tantos dias sem acesso permanente à televisão ou à rede de computadores, mas devido a um roubo de cabo de cobre na nossa zona já estou sem acesso há bastantes dias. Algumas das rotinas estão diferentes, deito-me mais cedo e também acordo mais cedo. Continuo a duplicar discos na sala enquanto a minha mulher vai adormecendo no sofá. Há muito mais silêncio, mais calma e quando passa o comboio sente-se mesmo. E de vez em quando ligamos o acesso móvel para ir colocando estes pensamentos no blogue, entre outras coisas. Têm sido assim os dias sem acesso.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Corpo e Cenário

O caminho até à praia por entre o parque natural, pelo meio de lugares e pequenas vilas. Depois de uma manhã e início de tarde de chuva, o céu abriu. As nuvens desapareceram e o sol aproveitou para brilhar quando o dia está a chegar ao fim. Foi exactamente nesta hora do dia que chegámos à praia. A praia no Inverno tem uma luz mais clara e o mar está mais bravo. Foi neste espaço que se documentaram as imagens que servirão para divulgar um pouco mais A Praia Grande. Para que ao nome se junte um corpo e um cenário.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Esqueleto

Nestes primeiros dias do ano tenho focado a minha atenção para a origem desse esqueleto chamado canção. De entre algumas coisas do passado que tenho escutado destaco as canções de Buddy Holly. Partilho, por isso, um vídeo do próprio com a sua banda, The Crickets. A canção chama-se "Peggy Sue" e basicamente está construída à volta de poucos acordes de guitarra e uma batida de bateria de tempo rápido e um acompanhamento de contrabaixo. O que faz a melodia da canção é a guitarra e a forma como Buddy Holly canta, e o resto dá o ritmo necessário para que tudo isto aconteça.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Do Silêncio

O silêncio é a melhor forma de irmos bem ao fundo das nossas motivações, ou das motivações divinas que há dentro de nós. Através do silêncio e do discernimento conseguimos prever e preparar o que vem aí. Não se trata de uma profecia ou de adivinhação, mas sim da marcação de uma rota ou de um caminho prévio que sabemos que temos de cumprir. Uma missão pessoal que cada um tem dentro de si. Foi bom constatar que o silêncio e a oração me confirmaram todas as decisões mais importantes dos últimos anos. Ser marido e ser pai. Ser produtor, de canções agora e outras matérias mais tarde. Por esta ordem.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Texto de Apresentação



Quando em 2011 o Tiago Cavaco (ex-Guillul) me convidou a participar na compilação fita-mistura 20 Anos de Ruptura Explosiva, co-editada pela FlorCaveira e pela Amor Fúria, e tive de recusar por falta de tempo, mental e físico, para gravar uma das canções que fui compondo enquanto ia ensaiando com O Verão Azul, a banda que comecei em 2009 com a minha mulher, comprometi-me a concluir e a gravar as canções e instrumentais que fui acumulando, no disco rígido do meu velho computador, ao longo de quase três anos.
Eram composições melódicas em torno de repetições de amostras que ia sacando de outras canções e que reproduzia constantemente, sozinhas ou em sobreposição. O processo de criação destas canções foi como uma aprendizagem, ia experimentando melodias, cortando e colando, até chegar ao som e à estrutura que queria. Com os instrumentais foi ligeiramente diferente, sobre uma repetição ia colocando batidas ou um baixo sintetizado até soar como interlúdio, instrumentais que poderiam abrir um horizonte espacial e sonoro para além das canções, alargando o espectro que pretendia atingir, enquadrando canções que poderiam soar soltas.
Faltava dar uma temática a este conjunto de produções sonoras. Quando comecei a pensar em nomes de bandas, há cerca de quatro anos, pensei no nome A Praia Grande. Remetia para o mar, o Verão, para a inocência e juventude, tudo ao mesmo tempo. De certa maneira resumia o espírito que queria dar ao disco, a que acabei por chamar Aula de Surf. O Surf surgiu a partir do momento em que comecei a escrever as primeiras letras das canções, em que um dos refrãos acabou a rimar a brisa de Verão com a emoção doce do Surf, mesmo sem nunca o ter praticado. A partir desta ideia parti para a praia e para o mar. A praia para além da sua imagem natural, com as pranchas de surf nas ondas, rapazes e raparigas deitados a apanhar sol, mas também a praia das manhãs de nevoeiro frias de Verão e os veraneantes de camisola com capuz e toalhas à volta do corpo, para o aquecer. Um lugar que tanto é um local espacial e concreto como espiritual e contemplativo.
Foi desta forma e desta maneira que surgiu este disco, para compensar a minha ausência numa compilação que celebra um filme de acção e surf, um disco que é dedicado à minha mulher, eterno Verão da minha vida.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Profusão Melódica

Este início de ano está a ser marcado pela profusão de criações melódicas e arranjos. Algumas destas criações melódicas estavam guardadas nas gravações de voz que vou fazendo quando me surge uma nova melodia e há uns dias peguei numa delas, fizemos um arranjo novo e tornou-se numa canção. Outras são mesmo coisas novas que vão surgindo do nada ou sobre uma melodia em repetição. Com a ajuda da minha mulher tenho estado na minha melhor forma criativa desde que comecei a criar linhas melódicas e canções. Agradeço infinitamente esta oportunidade de poder, numa tarde de Domingo, criar uma canção a partir de algo que vem do nada e depois vou cantando essa mesma canção ao longo do resto das manhãs da semana.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Manhã Preenchida

Acordar cedo num Sábado para cortar o cabelo e tratar de assuntos que estão para serem tratados há algum tempo. Comprar um marcador para escrever nas duplicações de discos compactos regraváveis, duplicar a chave da sala do arquivo furioso. Tudo numa manhã preenchida, em que os aguaceiros foram frequentes e o arco-íris ia aparecendo no céu de Lisboa, ali na zona de Telheiras à saída do Eixo Norte-Sul. Para que o disco comece a ser distribuído e para que se possam distribuir outros discos. Distribuir e divulgar como consequência de uma manhã de Sábado plenamente preenchida.