segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Baixas Temperaturas

Anuncia-se uma vaga de frio e a necessidade apela ao estoicismo. Viver de acordo com a natureza e aceitar as baixas temperaturas que aí vêm. O apelo para o constante exame diário e o recurso à meditação como forma de transpor o que parece difícil e insuperável. A razão, a faculdade de compreender e julgar, como companheira fiel e meio de liberdade. Este pensamento servirá de matriz e de escola. Através da leitura e do seu entendimento. Um dia todos nós olharemos para trás e verificaremos que não fomos nem maiores nem menores do que todos os que já pisaram este chão terreno. Venham as vagas de frio continental para que se pense e para que se entenda.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Fortalezas

Os dias claros que passam tornam calma e forte qualquer decisão que se possa vir a tomar. A razão e a bondade está do nosso lado. É sempre preferível quebrar do que entortar. Sejamos rectos e transparentes, o tal tempo transparente que buscávamos e agora parece que ofusca alguns. Contra a vã esperança e contra a falta de fé. As decisões que serão tomadas serão decisões conjuntas e que nos tornarão maiores. Como as paredes das fortalezas das nossas conquistas marítimas. A história que já não é possível mudar, mesmo que o tempo passe e cubra as paredes de natureza. Os artefactos e as ruínas, essas jamais nos serão retiradas.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Mudança Interior

A mudança que se anseia é aquela que depende única e exclusivamente de nós. A alteração das condições climatéricas, como se alguém tivesse previsto tudo o que fomos e tudo o que vamos ser. Esperar e aguardar são as armadilhas que nos são postas em frente. Parar aqui é mesmo igual a morrer. Quem é que pensaria que seria capaz de fazer tanto sol no meio de Janeiro? Esta claridade é o sintoma de dias bons, dias de mudança interior. A escolha de variar, como os acordes de uma canção, é o passo mais certo e a pose mais correcta e mais séria. Tudo depende de nós, o destino está nas nossas próprias mãos. O passado demonstra-o e confirma-o. A escolha pela claridade, a mudança pelo raiar do sol.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Do Básico à Utopia

O chão pede o regresso à terra. O básico torna de novo à superfície. Para sonhar é preciso dormir, para inventar é preciso estar são, para transformar é preciso se alimentar. Todos estes pressupostos, garantias comuns do nosso diário, são conquistas e seguros que um dia outros antes de nós alcançaram. Pensar que os vamos ter sempre garantidos é viver sem noção do que se ganha um dia perde-se, do que se perde volta-se um dia a ganhar. A circulação deste fluxo está em movimento permanente. Regressar ao básico é entender esta deslocação e dar valor ao que se tem e trabalhar para manter a base onde podemos construir o que resta. Acordar e saber estimar o básico, a permissão para a utopia.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Claude Monet



Impressão, nascer do sol
Claude Monet (1872)
Óleo sobre tela
48 cm × 63 cm
Museu Marmottan, Paris, França

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Comodidade

A seca que atinge o território continental, desde o fim do ano que terminou, misturada com o frio típico desta época traz as pessoas para dentro das suas casas. Abrigadas entre quatro paredes, com os aquecedores a criarem o ambiente de conforto, durante as noites que caem. O início das tardes na varanda da parte traseira a olhar e a observar o sol. Aquece os nossos espíritos e limpa todos os poros da nossa pele. A cor azul que sobressai do céu, consequência da composição da atmosfera. A secura e a frieza dos dias da velhice no hemisfério norte, de tempos caseiros, e demasiadas ideias em torno. Nem por acaso o meu último sonho de hoje acabava com um tremor de terra que sacudiria toda esta comodidade e estabilidade.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O Verão Eterno d'Os Capitães da Areia, Os Capitães da Areia



Cantar sobre o sol para alcançar a eternidade. Poderia ser assim, numa só frase, que se definiria um disco como este. E de facto nada mais seria necessário. Mas escutar a frescura de um disco assim não acontece todos os dias. Aliás, não acontece há muitos anos. Seria preciso regressar aos tempos áureos da pópe cantada em português, para encontrar um registo tão ingénuo quanto pensado, tão puro quanto produzido. Esta bomba em forma de disco contém canções com uma luminosidade tal que esta seria capaz de ferir mesmo a vista do mais jovem utilizador de óculos de sol. Felizmente não será preciso tamanho trauma para demonstrar que as canções deste Verão Eterno soam a um tempo luminoso e obviamente duradouro. As ilusões de uma jovem banda e a construção de um edifício altíssimo e transparente estão todas aqui. Desde o coração das canções, a voz adolescente e pueril e a guitarra eléctrica africanizada, até aos arranjos inteligentes e requintados de uma tarola que saltita, um baixo que ondula e teclados e segundas vozes que aumentam a dose de emoção de cada acorde. A inocência e o romance em canções que irradiam luz solar de audição para audição. A praia, essa fronteira terrestre com o mar e o Verão, estado de alma de constante alegria, encontram a sua forma perfeita neste disco totalmente insular. Seria impossível pedir algo maior.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Velhos, Os Velhos



O primeiro disco d'Os Velhos é um disco inteiro. É uma gravação de várias sessões na sede e centro criativo da banda e isso sente-se em cada nota gravada que o disco emana. É um disco difícil e por isso mesmo muito compensador. É um disco que se tem de escutar muitas vezes para captar a espessura e a força de um conjunto de canções de uma banda que nasceu neste tempo mas pertence a um tempo muito próprio e a uma cidade antiga e aberta, Lisboa de seu nome. A indefinição das primeiras escutas dá origem a um significado único, de ruas e corações, de colinas e paixão, de prédios e melancolia. De um homem na cidade, na sua cidade, e a electricidade toda com ele. Um monumento de ritmos de bateria e baixo marciais, retorno de electricidade de duas guitarras e uma voz toda ali gravada, captada com todos os tons e todos os gritos. No meio disto tudo há canções, melodias por trás de cada audição, palavras muito fortes que um dia alcançarão o seu destino. A maior dificuldade de um primeiro disco de uma banda róque é a captação da sua energia e força ao vivo e este primeiro disco inteiro d'Os Velhos consegue-o de uma forma verdadeira e sincera, como provavelmente nunca foi feito cá. Essa é a sua marca, um disco que é um clássico moderno. Mesmo depois da modernidade já ter morrido.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Ano da Harmonia

A entrada no ano novo, que é apenas a passagem de um mês para o outro, ou de um dia para o outro, foi passada da forma mais justa. O ano que agora se inicia será o ano da harmonia. Das formas justas, da concórdia e da conformidade, da proporção, de uma ordem definida e agradável aos sentidos. Espero alcançar melodias harmoniosas, ter essa arte e engenho, de tornar o simples no belo, o amor na verdade. De acordo com o que foi pensado e idealizado. Como as melodias que invadem o espaço da sala de estar, harmonias construídas para a emoção e para a razão. Que a harmonia invada o meu próprio pensamento e génio, colocando aquilo que já foi fundado ao serviço da arte e da beleza. Para tornar este mundo um pouco melhor.