quarta-feira, 31 de março de 2010

Braço a torcer

Importa, por vezes, dar o braço a torcer. Importa relembrar que este blogue ainda é um blogue sobre canções. Daí dar o braço a torcer, ou a anca mais precisamente, e destacar um tema dos Yeasayer e deste ano. Parece que esta banda lançou um disco este ano, disco que tem sido um caso de amor-ódio junto da cada vez maior comunidade melómana de todo o mundo. Ora o disco, Odd Blood, tem conquistado espaço e apesar de não ser um disco equilibrado, tem ainda assim temas dançáveis, construídos de forma eficaz, como os melhores temas de todas aquelas bandas novas australianas que vão invadir os nossos festivais este ano. É o caso de "O.N.E." e o vídeo mostra a colorida, brilhante e sofisticada nova imagem da banda.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Verde Feminino

Se existir uma frase ou uma ideia que resuma todo este período poderia ser escrita desta forma: o Alentejo na Primavera. A quantidade de água que caiu durante o Inverno fez renascer toda a Natureza em todo o seu esplendor. O verde impera na paisagem e as flores brotam em todos os espaços possíveis. Já na cidade das colunas e capitéis coríntios, as paredes brancas reflectem a luz solar e outra banda prepara gravações no anexo de uma antiga casa de família. Depois de alguns ensaios e da finalização dos arranjos, é chegada a fase final de mistura. A capa escolhida espelha também este período. O trilho é emparedado de árvores, a luz demarca esse caminho e na base uma jovem mulher ao longe representa todo este espírito. A natureza e o encontro com o feminino.

quinta-feira, 25 de março de 2010

A caminho da Morte

A partir do momento em que se nasce o caminho é só um: em direcção à morte. Digo isto em relação a qualquer coisa que nasça. Uma banda, uma editora, uma produtora, um espaço de concertos, um blogue. No mundo da indústria não aparecer é quase sinónimo de estar morto, mas no meio independente a existência faz-se nos momentos em que não se aparece. Por isso é quase compreensível que haja gente a enterrar-nos desde já, porque as novidades dos últimos tempos não têm sido muitas. Continuo a entender que tudo aconteceu cedo demais e com demasiado ruído de fundo. Depois de alguma preparação, prospecção e introspecção, agora é o tempo de voltar à carga. De certa forma este ano é o nosso ano, muito mais que o ano transacto. Será, ainda assim, mais um ano a caminho da morte.

terça-feira, 23 de março de 2010

Da ignorância

Num blogue que se auto-intitula de Hip Hop deixar passar a resposta deslumbrante do Rui Miguel Abreu ao cronista do Diário de Notícias era ferir de morte uma das razões da sua existência. A ignorância ainda não mata, mas devia fazer perder o emprego de cronista e de criador de opinião. Pergunta e bem o Rodrigo: "Isto ainda se usa?". É verdade, ainda se usa e ainda há gente a defender este tipo de ignorância. Perdeu-se uma vida, esta será para sempre a única certeza desta história. Como é que é possível existir ainda tanto preconceito e tanta falta de conhecimento. Preconceito com a cor da pele e falta de conhecimento sobre um estilo musical no caso. Lamentavelmente, parece que este estilo de jornalismo veio para ficar.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Sobre a Identidade

Qual será a razão que nos faz mover. Estar neste momento e não noutro. Estar naquele espaço e não noutro. O centro comercial cheio de produtos consumíveis ou a sala de espectáculos longe da nossa terra. A razão é a afirmação da nossa identidade. A identidade varia de indivíduo para indivíduo como varia de nação para nação. Procuramos imagens que definam a nossa identidade perante os outros, buscamos formas e matérias que construam o nosso desígnio. Expressamos a nossa maneira de ser e de estar neste momento e neste espaço. Escolhemos a mensagem e comunicamos as nossas convicções. A cultura e criação de uma identidade tem uma história, um nascimento e uma morte. Passamos por este tempo e assinalamos a nossa história. E na sua essência é uma igualdade que permanecerá verdadeira amanhã tal qual como ontem.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Solidão e Egoísmo

recuperei no ano passado as conversas do Professor Agostinho da Silva. Não existe um tempo certo para recuperar ou partilhar os pensamentos de tão grande homem. Oiço este excerto e penso que ainda estou naquele caminho dentro do egoísmo. Ser tão egoísta até ao ponto de me esquecer de mim próprio. E o professor segue: "A pessoa só deve poder deixar de ser egoísta quando olhar para o espelho e nunca vir a cara própria". Sobre a solidão, logo no início do vídeo, afirma esta coisa espantosa: "é uma ocasião extraordinária de diálogo consigo próprio". Só depois de dialogarmos connosco próprios é que estamos preparados para a conversa com o outro. Haja mais gente a visionar estes vídeos do que a aproveitar as minhas incoerências.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Do Calor ao Trip-Hop

Estes dias têm sido marcados por regressos. Regresso do calor em primeiro lugar. Sair de casa e não precisar de mais de duas peças de roupa na parte acima da cintura é de louvar. Regresso dos vídeos do Guillul com mais uma bela ideia. Os cromos da bola que se equipam para jogar um Subbuteo em casa de um amigo. Melhor só jogar ao botão. E a canção, apesar de não se aproximar dos singles do IV, mantém-se no ouvido e vicia. Finalmente, o regresso da Casa de Praia a Portugal, num concerto quase narcótico, com bombo e tarola a fazer lembrar o melhor do Trip-Hop. Trip-Hop de Portishead e Massive Attack. E sim, usei uma etiqueta. Será a única coisa boa numa etiqueta bem definida, assinalar numa palavra e resumir uma ideia de um formato sonoro.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Onda Fria

Onda fria. Ou será onda de relaxamento. Não sei, parece que os média panfletários estão a descobrir um novo estilo que embarca tudo o que tenha batidas por minuto a menos de cem, voz carregada de eco, amostras sacadas aos êxitos de há vinte e cinco anos, e tudo isso. Como todas as etiquetas e todas as ondas do momento a definição é redutora e já que quase ninguém me lê informo-vos que está tudo à procura de uma história de fantasia, como todo o jornalismo preguiçoso está. A história é simples: um grupo de produtores caseiros decidiu criar canções daquela forma, partilhou com o mundo via blogues de referência, a maioria soa bem e gasta-se rápido. Tudo o resto é palha. Quem quiser música de relaxamento a sério terá sempre as compilações do Café del Mar.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Velha Escola

A preparação de lançamentos continua e Maio parece ser o mês de todos os lançamentos e também de alguns regressos. Quem prepara o segundo disco é a Feromona e prepara-se para esse embate ao vivo. Com concertos anunciados sem local definido e apenas com a zona a informar os mais curiosos. Num bar independente o concerto fez-se para algumas dezenas de pessoas que encheram o espaço num ápice. E quem assistiu ao concerto assistiu a uma banda que já quase parece da velha guarda. Comentava-se depois do concerto que tinha sido um concerto de cave, à velha escola. O público a completar os coros, a euforia latente nas últimas canções e a atitude roque na tua cara que já faz parte da Feromona. Maio será um grande mês.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Da Exposição

Quem possuirá a verdade e a razão para a exposição artística. Quem é que no meio destas novas formas de criar e produzir canções poderá dizer o que é válido. Ou inválido. Troco a palavra bom por válido, para reduzir desde já as limitações de gosto e de preferência de estilos. O que interessa é a tua certeza e a tua opinião. Se tu acreditas então é essa a tua verdade. Acreditar que aquela produção e aquela mistura é a tua razão para uma exposição pública e sem filtro, é tudo o que é preciso para que seja válido. Existes, crias, produzes e partilhas. O que vem a seguir é apenas uma bonificação. E as canções não deixam de ser nossas. As canções passam é a ser de mais gente e da forma que nós quisemos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Disco Disco Disco #7

Hoje em dia Sylvester será mais conhecido pelo tema "You Make Me Feel (Mighty Real)" do que por este "Dance (Disco Heat)", apesar de em 1978 o primeiro tema ser o lado B do segundo no 12" de Sylvester. Chamo a atenção para o lado A e o clássico "Dance (Disco Heat)", o primeiro número um da Billboard de Sylvester. O tema é suportado pela linha de baixo e tem o ritmo ligeiramente mais acelerado que outros temas disco. O que é surpreendente nesta faixa é o facto de a partir dos dois minutos entrar em modo remistura, com a replicação da mesma ideia melódica até ao fim, com a adição e subtracção de elementos, num registo premonitório do que seria muita da música de dança daí para a frente. Um êxito no Studio 54. O vídeo com dançarinos acompanha esta entrada.



Artista: Sylvester
Faixa: Dance (Disco Heat)
Produtor: Harvey Fuqua, Sylvester
Ano: 1978
Facto: Uma amostra do tema "Dance (Disco Heat)" é utilizada no clássico House "Get Up (Everybody)" de Byron Stingily.

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sexta-feira, 5 de março de 2010

Mais uma rodada

O táxi percorreu rapidamente o trajecto até ao cinema São Jorge. Agradecimento público ao Jorge Cruz que reagendou o meu convite para o concerto maior. Antes de entrar na sala, já atrasado, tenho tempo para encontrar uma nota de cinco no chão e pagar uma rodada de imperiais à malta de Mafra e amigos. Se alguém me vier pedir o dinheiro pago mais uma rodada. Bebo-a num trago e entro num cinema cheio, esgotado disseram à entrada, e vejo um espectáculo de roque tradicional, trade-roque diz-se. O som lá atrás enrola, mas o Diabo na Cruz demonstrou que é possível encher o cinema em nome próprio e esteve bem e bastante emocionado. Depois a confraternização com os responsáveis por tudo isto. Os Golpes já voltavam àquela sala.

terça-feira, 2 de março de 2010

Giros Suburbanos

O Bruno Silva escreve aqui que a olde english spelling bee e a not not fun são as editoras mais importantes da actualidade e é capaz de ter razão. A nova fornada revela-nos Rangers. Rangers é Joe Knight e irá lançar o disco Suburban Tours em breve. Ora quando o conteúdo é bom é partilhável. Bom aqui é sinónimo de degustável. Apesar de não ter crescido nos subúrbios clássicos, como o Barreiro, consigo identificar estas paisagens a caminho daquele hipermercado no topo de Santo António dos Cavaleiros. A praia e as palmeiras dão lugar às torres e aos descampados, o som continua repetitivo e dub, sonolento e cheio de reverberação. São os giros suburbanos de "Deerfield Village".

segunda-feira, 1 de março de 2010

Março

Bem-vindos a Março. Em Março chega a Primavera e apesar das últimas rajadas e das chuvas de Abril que virão, está a chegar a altura de voltar a calçar os sapatos de sola rasa e vestir pólo. É bom marcar uma data para tudo tomar forma, até porque há muito ainda a fazer para finalizar esse disco que espera o bom tempo para surgir. A pensar nisso agendam-se datas de ensaio e gravação de um arranjo final. Março é o mês ideal para finalizar o que começou em Setembro do ano passado. Março de aguaceiros, das noites ainda frias mas já depois de alguns dias solarengos, de nascimento das verdes folhas novas e da chegada das andorinhas. Março: mês de equinócio e romance.