quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Seattle-Lisboa-Alfama

Ainda foi ontem. O convite da Feromona para alternar discos no lançamento do primeiro disco e agora chegou a hora de fazer uma espécie de retribuição: uma casa em Cascais para ser o estúdio de gravação do segundo disco. A Feromona não se faz de rogada e tomou de assalto a humidade das paredes brancas daquele quarto na casa da avenida íngreme. E promete mais poder na guitarra e na secção rítmica do que no primeiro disco e um retrato ainda mais alvi-negro-celeste da cidade e do homem. Roque éne Role a rasgar, canções lentas e poderosas, e palavras desiludidamente novas. Sim, é roque com quê de quá-quá. Aquele de Seattle-Lisboa-Alfama, Portugal.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Balear

E de um instante para o outro nasce um novo som. Preparam-se as novas colheitas e pensa-se no que virá para a frente. Se no lado azul está tudo preparado para gravar para depois misturar, no lado praia a definição começa a chegar. Será balear. Balear. Lá para o fim da próxima Primavera já deverá existir algo mais concreto e final. A Praia Grande nasceu e nasceu com força. Numa madrugada em que nada acontecia e resolvi queimar tempo a estudar alguns temas que me despertaram a atenção. E este foi o instante, o instante em que tudo aconteceu e esse tempo já não volta mais. Um instante balear. Balear.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Direito e Amostras

O debate está na ordem do dia à custa de "Feel it All Around" de Washed Out que tem uma amostra do tema "I Want You" de Gary Low. O direito ao uso de amostras para criar novas canções. A minha opinião é simples neste caso e é a seguinte: seja qual for a forma de uso da amostra esta deve ser permitida sempre, sem autorização e sem qualquer contra-partida financeira até ao momento em que há um ganho extra, um bónus, com a canção em que se usou a amostra. Isto cria vários cenários sobre os direitos de autor e de publicação. Não quero pensar nisso agora. Outro pensamento com o qual me identifico é o do DJ Shadow e fica aqui em inglês:

When I sample something, it's because there's something ingenious about it.

Leitura adicional

sábado, 24 de outubro de 2009

Fazer Coisas

Li um dia uma frase por aí, completamente redutora, que tentava explicar o que são os movimentos musicais e o aparecimento de novas bandas. Escrevia-se qualquer coisa como: “Isto é tudo malta que quer é fazer coisas”. Nada mais errado. Malta a querer fazer coisas é praticamente o mundo todo. O autor desta frase esquece-se que é complicado estar no sítio certo no momento certo e que isso exige trabalho, talento e sabedoria. Daqui, deste ponto privilegiado, observo o nascimento de muitas vontades e de muita vontade de fazer. Mas isso não basta, fazer coisas não basta. É preciso trabalho e talento. E sabedoria. Muita sabedoria.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Comentários

Se fizer uma retrospectiva deste blogue é inevitável observar uma evolução. No início dava mais espaço ao anúncio das actividades furiosas e com o nascimento do blogue da Amor Fúria deixei de usar a Ribeira. Passei a escrever do ponto de vista de quem observa, mas de dentro e não de fora. Curiosamente, a partir daí, algumas almas passaram a confundir as palavras que escrevia com as actividades que exercia. As caixas de comentários encheram-se de discussões acesas mas inócuas. Terei sido inocente ao acreditar que seria possível a separação entre a tarefa e a observação. Já perdi parte da inocência e pensei em acabar os comentários. Reconsiderei e valorizei a parte positiva de manter o blogue aberto aos comentários. Sem moderação excluindo os anónimos. Reservo contudo o direito de remover os comentários que julgue ofensivos e principalmente tolos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Canções, vídeos e sete polegadas

Ainda relacionado com a mensagem anterior, apetece-me destacar uma canção de uma banda não referida no artigo sobre o Verão e as suas zonas geográficas preferenciais. Trata-se da banda Best Coast, que é constituída por Bethany Consentino e Bobb Bruno. Bethany Consentino que saiu recentemente das Pocahaunted. Ando a escutar a cassette Where The Boys Are, gravada apenas por Bethany Consentino e também algumas canções perdidas, de alguns sete polegadas, que a banda pretende ir lançando de tempos a tempos, como se estivesse na época dourada dos singles. Uma das canções ganhou um vídeo e é essa mesmo que quero destacar. "Something in the Way", Best Coast, realizado por Joseph Kell.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Verão é um Furacão

Começo por referir o artigo "Brisa de Verão" do Vítor Belanciano no i grego da nossa terra. O exemplo maior da forma como se fazem alguns artigos sobre a pópe hoje em dia. Escolhe-se um tema, algumas zonas geográficas e algumas bandas referidas nos meios mais prestigiados da rede mundial dos computadores. Depois pega-se nalguns testemunhos, mistura-se tudo e faz-se um batido sortido. Brisa de Verão não, o Verão é um furacão. Só costumo ler tantos nomes de bandas em tão poucas linhas nas listas do fim do ano. Talvez seja preferível sacar os artistas parecidos via last.fm e verificar que afinal já é Outono e o vento está cada vez mais forte, não?

sábado, 17 de outubro de 2009

Estranhos

As bandas têm sempre um caminho traçado. As bandas nascem para morrer. Têm acabado algumas bandas nos últimos dias. Em comum a origem, portuguesa, e a língua em que cantavam, inglesa. É também natural que as canções das bandas com estas características morram mais cedo que as que são fiéis à sua origem. A única forma de estar numa banda estrangeira no próprio país é ambicionar a internacionalização no hiper-fragmentado mercado mundial. Tal como as bandas estrangeiras no próprio país lá de fora o fazem. Se é para ser eternamente um estranho na própria pátria mais vale acabar. E a pópe nunca permitiu uma longa vida, quanto mais para os estranhos.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Os Surfistas

As imagens de ontem já estão arquivadas. Podia escrever que o concerto de ontem ficaria na história do Roque Português e deste movimento. Mas para quê? O concerto de ontem é das pessoas que o tornaram possível e estiveram presentes. De um lado a banda, Os Velhos, e do outro o público, Os Surfistas. Não tenho na memória outro concerto com tanto surfe de multidão. Aos primeiros acordes das canções, lá iam eles para as ondas. Foi tudo incrivelmente rápido e pegando nas palavras do Francisco Xavier: "foi fixe, divertimo-nos". Para os velhos foi só mais um concerto e será sempre assim. Para os surfistas uma noite de ondas inesquecíveis e também vai ser sempre assim.

domingo, 11 de outubro de 2009

Falso mas Moderno

Ontem vi-me ao espelho, ao assistir à peça FAKE, escrita pela marítima Joana dos Espíritos e criada e interpretada por Joana Barrios. Ver-me ao espelho é uma forma de expressão. A minha geração viu-se ao espelho. Eu faço parte da minha geração, quer queira quer não. Mas não sou aquela personagem. Não existem personagens assim. Uma manta de retalhos de uma geração falsa mas moderna. O retrato de um país falso mas moderno. A derivação do destino que é viver no nosso país e na capital do império. Um país irreal. Como a canção "Irreal Social" dos BAN, que define se és fixe ou não. Se gostas és fixe. Se não gostas és falso. Mas moderno.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Feriado Municipal

Na próxima Quarta-Feira será dado o tiro de partida para dar início à próxima década. De certa forma, o debute em nome próprio de uma banda como Os Velhos, na noite de Lisboa que quer dançar a meio da semana, marcará o começo de uma década nova com raízes nos últimos anos desta década que já começou a despedir-se. A metáfora é precisa: as sementes plantadas ao longo dos últimos anos começam a dar frutos. Os Velhos, um dos ramos mais fortes e centrais de uma geração que escolheu viver a vida. Como todos os Santos. Razão suficiente e justa para declarar o próximo catorze de Outubro feriado municipal.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Combinação Selvagem



Finalmente vi o documentário Wild Combination: A Portrait of Arthur Russell. Servirá sobretudo para entrar no mundo de Russell e é assumidamente incompleto. Por isso acaba por levar à descoberta, à descoberta da combinação selvagem que foi a vida de Arthur Russell. Um dos artistas cuja obra mais admiro. Prefiro chamar-lhe um homem contemporâneo do que um génio. Génios são os cientistas. O mundo de Arthur Russell continua a ser um dos mais desconhecidos de toda a cultura pop e é imperioso que o seu nome e o seu catálogo continue a chegar a cada vez mais gente.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Apenas mais um #2

Um: escrevi disto como quem lê isto. Um artigo sobre Girls a perseguir a pópe sonhadora e os pores-do-sol em São Francisco. Como já interroguei antes, será a pópe arte? A canção faz parte da vida? Sim, com certeza. A vida será feita de canções mas muito mais que isso. Hierarquias ou teorias dos conjuntos. Dois: o disco é um bom disco, pleno de sonho e de exercício de memória. Um conjunto de canções que recorda os primeiros tempos do rock, a pópe dos anos 60 e o shoegaze do final dos anos 80 dos grupos do Reino Unido. O vídeo que acompanha a mensagem demonstra a última parte da equação anterior e deste modo faço as pazes com a maioria e com a luz da manhã.

domingo, 4 de outubro de 2009

Prioridades

Quando não se compra o bilhete a tempo os bilhetes podem esgotar. Aconteceu-me na última semana com o concerto de Quinta-Feira na Zé dos Bois. Ainda fiquei na lista de espera, mas por não ter a certeza que entraria fiquei a descansar depois de uma semana de baixas tensões. Logo, não assisti ao concerto de Fuck Buttons. A minha relação com esta banda ficou no primeiro disco. Um disco interessante com barulho do bom. O segundo ainda não ouvi. É consequência de existirem prioridades. Primeiro os nossos, obviamente. Depois, se sobrar tempo, os outros. Infelizmente as prioridades dos restantes parecem ser outras.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Garagem da Rua das Chagas



Os Velhos. Da direita para a esquerda, Sebastião, P. Lucas, Francisco Xavier e Zé Preguiça.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Apenas mais um

Caro Adriano, tiras-me as palavras da boca. Sobre o Album de Girls, que mostra bem hoje que um "bom" número no sítio "certo" faz disparar a notoriedade de uma banda. É que é mesmo como dizes, o disco incita à criação e não à adoração. Por aqui é cada vez mais difícil adorar a sério alguma coisa. Sejam os antigos, sejam os novos. A vida acima disto sempre. Girls é bom, claro. Canções de fazer amor. Na vertical ou na horizontal. É apenas mais um. Mais um criador, um bom criador de canções, daquelas que já ouvimos desde sempre. Como qualquer disco com algum sol feito na Califórnia. Em Lisboa, como o Outono comprova, também há sol.